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IPI REDUZIDO MANTÉM PRODUÇÃO E EMPREGO, DIZ ANFAVEA

A REDUÇÃO DO IMPOSTO FOI ANUNCIADA ONTEM PELO MINISTÉRIO DA FAZENDA

 
 
 
Venda de carros Veículos Concessionária (Foto: Agência Estado)
 
 

prorrogação da alíquota reduzida do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis até 2014, anunciada na noite deste sábado (30/03) pelo Ministério da Fazenda, ajuda a manter os níveis de produção e de emprego no setor automotivo, avaliou neste domingo (31/03) o diretor de Relações Institucionais da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Ademar Cantero. "Mantendo os níveis de vendas, você automaticamente está assegurando níveis de produção e, consequentemente, níveis de emprego", afirmou. De acordo com Cantero, o efeito da medida sobre o mercado é "muito positivo".



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"A indústria automobilística representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O efeito econômico social desse mercado é muito importante na economia. Nós saudamos a medida", afirmou Cantero.

A questão do incentivo fiscal foi levada ao Ministério da Fazenda pelas associações como um dos temas tratados em reuniões com o governo. "Evidentemente, nós temos muitos encontros com o governo em função dos nossos temas. Esse tema da possibilidade de prorrogar o IPI nós discutimos com o governo, que, considerando o efeito disso na economia, decidiu prorrogá-lo."

O setor automotivo já contratou, em janeiro e fevereiro deste ano, 1.819 trabalhadores, segundo a Anfavea. Reportagem publicada na edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo mostra que a indústria automobilística, com 131,7 mil trabalhadores, está perto de atingir seu recorde histórico em número de funcionários (133,6 mil em fins de 1980).

A partir de abril, a alíquota de IPI sobre veículos subiria novamente - após uma primeira rodada de aumento no início do ano - e, em julho, retornaria à alíquota original. Os veículos flex e a gasolina de até 1.000 cilindradas, por exemplo, teriam a partir de segunda-feira as alíquotas majoradas de 2% para 3,5%. O governo, no entanto, decidiu manter o imposto em 2% para a categoria até o final do ano.

O diretor da Anfavea ressaltou que, no início do ano passado, o setor registrava queda nas vendas de automóveis, movimento revertido depois do anúncio do benefício do IPI reduzido. "O governo adotou a redução do IPI, as montadoras também reduziram os seus preços e o crédito foi destravado. Em função desse conjunto de medidas, no ano passado conseguimos inverter essa curva para um crescimento de 4,5% no mercado", disse Cantero.
 

 

 

 

MAIS POR MENOS: É ASSIM QUE A HYUNDAI PLANEJA DESBANCAR FIAT E VOLKS NO BRASIL

SEONG BAE-KIM, PRESIDENTE DA SUBSIDIÁRIA BRASILEIRA, ANTECIPA QUE EMPRESA ESTUDA, INCLUSIVE, ABRIR SEU PRÓXIMO CENTRO DE PESQUISAS NO PAÍS

 
Seong Bae-Kim, presidente da Hyundai no Brasil (Foto: Divulgação)
 
 

Mais que uma promessa de bons resultados comerciais para a Hyundai, o Brasil é a prova de fogo para a montadora coreana na América Latina. À primeira vista, as projeções para os próximos anos mostram uma estrada de ouro pavimentando a trilha do setor automotivo brasileiro. Mas, para correr solto, os coreanos terão de enfrentar obstáculos, como montadoras bem estabelecidas – Fiat, Volks, GM e Ford são as principais – e uma série de empresas que anunciaram fábricas no Brasil – Jac, Chery, Great Wall, Nissan e BMW até o momento.

A solução, diz a Hyundai, é vender carros com mais opcionais, design e tecnologia pelo mesmo preço e continuar melhorando seus carros com a abertura de um centro de pesquisas aqui, antecipou Seong Bae-Kim , presidente da Hyundai Brasil, em entrevista a Época NEGÓCIOS.

O que atraiu o olhar da Hyundai para o Brasil, mesmo com tanta concorrência? A estratégia de internacionalização e os números. A produção nacional de veículos bateu recorde em 2011, com 3.406.150 unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Pesquisa da KPMG projeta que o Brasil passará de quinto maior mercado mundial para terceiro em quatro anos, competindo com a Índia pela posição.

Promessas e percalços na balança, a aposta da Hyundai aqui não é baixa. Prova disso é que a empresa desenvolveu três carros que serão vendidos exclusivamente no Brasil, o chamado projeto HB, criado para estradas ruins e tráfego pesado. Os modelos - um hatch, um sedã e uma SUV - miram os compradores do Pálio (Fiat) e do Gol (Volks). A promessa é entregar mais por menos ou, no mínimo, pelo mesmo preço. Trava e vidros elétricos, por exemplo, são itens de série e não opcionais. Ajuda também o fato de a Hyundai ter virado sinônimo de qualidade por um preço acessível com o Tucson, modelo montado no Brasil por meio da parceria com a Caoa.

Em novembro, a empresa inaugura sua fábrica em Piracicaba, um investimento de R$ 960 milhões. A capacidade oficial de produção da planta, a sétima no mundo fora da Coreia, será de 150 mil carros por ano. Mas fontes próximas aos coreanos, dizem que esta é uma projeção conservadora e que a fábrica estaria pronta para dobrar esse número, chegando aos 300 mil em curto prazo. A Hyundai desconversa, mas admite que exportar para a América Latina a partir daqui é uma possibilidade, caso os planos saiam como o esperado.

E engana-se quem pensa que a montadora se contentará com uma pequena fatia do bolo. “Nosso objetivo é estar entre as quatro empresas líderes do setor no mercado nacional em curto prazo”, diz Bae-Kim. Traduzindo, os coreanos pretendem ultrapassar a Ford. Como? Com uma conta de padaria. Em 2011, segundo a Anfavea, a Caoa vendeu 112 mil carros Hyundai. A Ford, 314 mil. A Hyundai pretende vender toda a produção de 150 mil em um ano. Caso o desempenho da Caoa e da Ford se mantenham, com poucas alterações, somados os 150 mil aos 112 mil, a Hyundai alcança a marca de 262 mil vendidos no Brasil. Assim, os coreanos e os norte-americanos vão protagonizar uma boa briga pela quarta posição.

Os planos para o país não param por aí. “Poderemos considerar o Brasil para o nosso próximo escritório de design regional, semelhante ao que temos nos Estados Unidos e na Alemanha”, antecipa Bae-Kim. Faz sentido, em um mercado tão peculiar quanto o brasileiro, com combustíveis alternativos e motores flex. O centro de pesquisas e desenvolvimento apoiaria ainda a estratégia internacional da Hyundai que, frente a uma crise mundial, não se preocupa em aumentar sua produção (hoje em 7 milhões de veículos), mas sim em melhorar seus carros para estar melhor posicionada quando os mercados voltarem a ficar aquecidos.

Na entrevista abaixo, Seong Bae-Kim, o executivo que lidera a empreitada coreana no Brasil, conta detalhes do próximo capítulo desta história.

Com a vinda da montadora para o país, qual será a estratégia da marca para o mercado nacional? 
Vamos trazer para o segmento B, que são os carros entre R$ 30 mil a R $ 40 mil, o mesmo nível de qualidade e design dos carros importados da Hyundai. Sabemos que os brasileiros dão um alto valor para esses quesitos e isso poderá nos diferenciar, positivamente, em relação a muitos outros concorrentes, inclusive aqueles estabelecidos no país há muitos anos.

Recentemente, a Hyundai anunciou três modelos de veículos flex desenhados especialmente para o Brasil, o projeto HB. Existe algum plano de exportá-los depois para outras regiões como América Latina? 
Para os primeiros anos, todos os três modelos do Projeto HB serão dedicados ao mercado brasileiro. É por isso que este projeto foi desenvolvido para as características do mercado local, o que significam estradas difíceis e tráfego pesado. Os veículos incorporam, também, um pacote considerável de recursos, como travas e vidros elétricos nas versões básicas. Somente após o desenvolvimento e o sucesso do Projeto HB no Brasil, vamos considerar sua exportação para outras regiões.

Esses modelos miram que faixa etária? Por quem é a competição?
O foco do Projeto HB é o consumidor na faixa dos 30 anos de idade. O preço médio do HB será altamente competitivo frente aos modelos Gol, da VW, e o Palio, da Fiat.

A Hyundai já adotou esta estratégia em outros mercados como o indiano, onde desenvolveu o Eon. Vale a pena investir em P&D para modelos restritos a um mercado e ir na contramão da indústria (carros globais)?
O mercado brasileiro é muito concentrado nos carros do segmento B e na tecnologia de combustível flex, o que significa que tivemos que desenvolver um carro exclusivo para ser bem-sucedido na implementação de nossa fábrica completa aqui. Claro que, com base no sucesso do HB, podemos considerar sua exportação mais para a frente. O modelo i30 foi concebido para o mercado europeu e, depois de alguns anos, se tornou um sucesso de vendas em outras regiões, inclusive no Brasil.

A empresa acaba de receber a liberação de um crédito de R$ 307 milhões pelo BNDES. Segundo comunicado, a verba será usada nos modelos para o mercado brasileiro. Como exatamente esta verba será usada? 
O dinheiro do BNDES será usado para concluir os estágios finais da construção da fábrica, em Piracicaba e, principalmente, para comprar os últimos equipamentos para a produção dos carros e para o escritório.

Há estimativas de unidades vendidas? 
A capacidade de produção da planta de Piracicaba é de 150 mil unidades por ano e pretendemos vender todos esses veículos no Brasil em 12 meses. Vamos começar com o modelo hatch, em novembro de 2012, e introduzir o sedã no primeiro semestre de 2013 e, o SUV, no segundo. A proporção de produção de cada modelo será definida de acordo com a reação do mercado. Não há planos para aumentar a capacidade de produção neste momento.

Quantos modelos ao todo devem ser produzidos em Piracicaba? Quantos desses modelos serão dedicados exclusivamente ao mercado nacional? 
A planta de Piracicaba irá operar em sua capacidade total (150 mil unidades por ano) desde o início e apenas com as versões do modelo HB. Este volume de produção será dedicado, exclusivamente, ao mercado nacional durante os primeiros anos.

Fontes afirmam que essa capacidade de 150 mil seria, na verdade, um número conservador e que há metas internas para expandi-lo em curto prazo para 300 mil. Existem planos nesse sentido?
Durante os primeiros anos, vamos manter nossa capacidade de produção em 150 mil unidades por ano.

Com os três modelos exclusivos para o Brasil, a Hyundai espera chegar a qual market share no Brasil? A meta é chegar a qual posto no ranking Brasil?
Nosso objetivo é estar entre as quatro empresas líderes do setor no mercado nacional em curto prazo.

E o que a Hyundai tem a oferecer a mais em relação às montadoras que chegaram antes ao Brasil? Qual o diferencial para ganhar mercado aqui? 
Os modelos importados da Hyundai já provaram para o consumidor brasileiro que possuem excelente qualidade e design arrojado. Com base nisso, a Hyundai é uma das empresas mais admiradas localmente. O novo modelo HB, que será produzido no Brasil, vai trazer para uma parcela enorme do mercado a mesma qualidade e design a um preço acessível, com todo o conforto e muitos itens de segurança incluídos. Esta será, com certeza, uma grande vantagem sobre as outras montadoras já posicionadas no segmento B.

Para crescer no Brasil, montadoras como a Nissan optaram por enxugar o portfólio de carros vendidos aqui. Que caminho a Hyundai pretende seguir?
Vamos manter nossa estratégia de trazer um amplo portfólio de carros importados junto com a produção local de modelos internacionais pela Caoa e a produção, em Piracicaba, do nosso modelo HB, exclusivo para o mercado brasileiro.

Como fica a parceria com a Caoa no Brasil? A fabricação de modelos utilitários aqui não “compete” com o Tucson?
Temos um bom relacionamento com a Caoa. Eles vão continuar a importar alguns modelos e produzir localmente outros, como Tucson e ix35, em Anápolis, Goiás. A fábrica da Hyundai em Piracicaba será dedicada a produzir os modelos do projeto HB.


 
 
 
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